quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Relatório Final do I ENEMT

Curitiba, 07 de Setembro de 2009.

Relatório Final do I ENEMT –
I Encontro Nacional de Estudantes de Musicoterapia

Este relatório visa informar o que ocorreu durante o I Encontro Nacional de Estudantes de Musicoterapia (I ENEMT), a fim de que o secretariado da União Brasileira das Associações de Musicoterapia (UBAM), as Associações estaduais, as coordenações das graduações, bem como profissionais e alunos que não estiveram presentes tomem conhecimento das questões levantadas no evento. Objetiva, também, favorecer a divulgação das propostas, insatisfações, sugestões e idéias apresentadas pelos alunos.
O I ENEMT, que teve como tema: “União Estudantil, Política e Mercado de Trabalho”, foi realizado na Faculdade de Artes do Paraná em Curitiba, no dia 4 de setembro, às vésperas do XIII Simpósio Brasileiro de Musicoterapia. O encontro teve início às nove horas da manhã e encerramento às dezenove horas. Foi organizado pelo Centro Acadêmico de Musicoterapia do Rio de Janeiro/ Conservatório Brasileiro de Música (CAMT-RJ/CBM-CEU) e pelo Centro Acadêmico de Musicoterapia da Faculdade de Artes do Paraná (CAMT-FAP). Este encontro contou com o apoio da Associação de Musicoterapia do Paraná (AMT-PR), da organização do XIII Simpósio Brasileiro de Musicoterapia, da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e do Conservatório Brasileiro de Música – Centro Universitário (CBM-CEU). Foram inscritos cinquenta e três estudantes de Musicoterapia no I ENEMT. Estiveram presentes quarenta e oito pessoas, sendo seis alunos do CBM-CEU, vinte e três da FAP, cinco da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), seis da Faculdade Paulista de Artes (FPA), três da Faculdades EST, dois da pós-graduação da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda e três musicoterapeutas. Durante o encontro ainda estiveram presentes a Drª. Mt. Claudia Zanini e a vice-diretora da FAP, Mt. Eulide Jazar Weibel.
A Drª. Mt. Lia Rejane Mendes Barcellos realizou a abertura do encontro. Em seu discurso, ressaltou a importância do encontro de estudantes e recomendou aos alunos estarem sempre atualizados em seus estudos, assim como enfatizou a importância da constante atualização dos profissionais. Discorreu sobre a problemática que os estudantes encontram em seus estágios, quando têm como referencia um profissional desatualizado. Ainda falou sobre a lei que regulamenta os estágios, que não permite o aluno atuar sem a referência de um profissional. No entanto, afirmou que, muitas vezes, é melhor o estagiário atuar sozinho do que ter um modelo com o qual não se concorda. Sobre os desafios da profissão, expôs que é preciso reconhecê-los para então saber enfrentá-los. Por fim, defendeu que ser profissional é ter compromisso com a ética, com o que acreditamos, com instituições, com pacientes e com a profissão.
A mesa redonda sobre “Organização Política em Musicoterapia”, composta por Ms. Mt. Sheila Volpi, Drª. Mt. Marly Chagas, Fernando Maciel (aluno do 3º ano de MT da FAP) e Lucas Tibúrcio (aluno do 4º ano de MT do CBM-CEU), foi a primeira atividade do encontro.
A Ms. Mt. Sheila Volpi iniciou discorrendo sobre as instâncias políticas da Musicoterapia e sobre a importância do movimento estudantil. Em seguida, deu a vez à Drª. Mt. Marly Chagas que explicou o que é a arte de fazer política de acordo com o teórico Bruno Latour. Fernando Maciel, presidente do CAMT-FAP, discursou na sequência, descrevendo como se deu a formação do centro acadêmico que preside e apresentando seus integrantes. Por fim, Lucas Tibúrcio, presidente do I ENEMT e 2º tesoureiro do CAMT-RJ/CBM-CEU explicou a princípio como se organiza politicamente o movimento estudantil, descreveu as funções de um centro acadêmico e ainda contou a história e as realizações do CAMT-RJ/CBM-CEU. Ao fim da mesa redonda, o debate foi aberto ao público presente. Neste momento, foi lembrada a importância de se criar mais centros acadêmicos de Musicoterapia no Brasil.
Ms. Mt. Laize Guazina, Ms. Mt. Raquel Siqueira e Thiago Pauluk (aluno do 3º ano de MT da FAP) compuseram a segunda mesa redonda do evento: “O Mercado de Trabalho para o Musicoterapeuta”. Discorrendo sobre neoliberalismo e capitalismo, a Ms. Mt. Laize Guazina abriu o debate contextualizando o mercado de trabalho da Musicoterapia no panorama social atual. A segunda fala foi da Ms. Mt. Raquel Siqueira, que discursou sobre como gerir um plano de carreira. Finalizando a mesa, Thiago Pauluk descreveu o contexto do mercado de trabalho e de estágios do Paraná, no que concerne à sua experiência de aluno estagiário. No debate aberto ao público, que ocorreu após a conclusão da mesa, foi levantada a questão das dificuldades que os alunos encontram para realizar seus estágios.
O encontro teve continuidade no período da tarde com a formação de dois grupos de debate que abordaram temas distintos: “Formação Acadêmica” e “Política e Movimento Estudantil”. O grupo que debateu sobre formação acadêmica teve como mediadora e provocadora a Mt. Pollyanna Ferrari. Os pontos de discussão apresentados foram: grade curricular, processos de avaliação, vestibular, prova específica, estágio, supervisão, monografia, incentivo à pesquisa e corpo docente. As principais questões levantadas por esse grupo de debate seguem descritas abaixo:

* Todos os alunos acreditam que não há exigência adequada de conhecimento musical no vestibular para ingresso na graduação de Musicoterapia.
* O nível de exigência de cada curso influencia no perfil do musicoterapeuta no Brasil.
* Existe uma preocupação dos alunos com o estereotipo do musicoterapeuta que não sabe música.
* Os estudantes acreditam que a faculdade deve dar maior possibilidade de desenvolvimento musical para os alunos ao longo do curso, principalmente àqueles que, mesmo despreparados, foi permitido o ingresso no curso.
* É sugerido que, no vestibular, o teste de habilidade específica seja realizado antes da prova inespecífica.
* A maioria dos alunos considera insatisfatório o nível de conhecimento musical exigido ao longo do curso.
* Conforme a indicação do MEC, a pesquisa não é a prioridade dos cursos de graduação, no entanto, os alunos questionam como desenvolver o desejo de pesquisar se não recebem esse incentivo na graduação.
* As pesquisas quantitativas têm grande importância no meio acadêmico, contudo, as graduações em Musicoterapia não preparam o aluno para esse tipo de pesquisa.
* É sugerida a elaboração de uma Revista Brasileira de Estudantes de Musicoterapia, destinada à publicação de trabalhos dos mesmos.
* O II ENEMT é considerado uma grande oportunidade para divulgação e publicação de trabalhos de alunos.
* Também é sugerido que os alunos organizem grupos de pesquisa em cada faculdade.
* Quanto aos estágios, os alunos consideram necessário um período maior do que seis meses para conclusão da experiência.
* Em alguns estados, devido ao pequeno número de musicoterapeutas atuantes, os estágios são feitos sem a referência de um musicoterapeuta formado, o que não está de acordo com as leis que regulamentam os estágios.
* Os alunos enfatizam a necessidade de professores e supervisores atualizados. Alguns ainda sugerem que o supervisor presencie a atuação dos estagiários.
* É reconhecida a importância da Musicoterapia Didática no decorrer da formação.
* É indicada a realização de grupos de estudos vinculados aos estágios.
* Quanto ao corpo docente, é reconhecida a necessidade de se ter um equilíbrio entre a quantidade de professores musicoterapeutas e professores de outras áreas.
* É sugerido que todo professor de outra área faça um curso introdutório para ser informado sobre o que é a Musicoterapia, como já é feito na Argentina.
* Todos os alunos apontam a necessidade do aprendizado de percussão musical. A maioria dos cursos não oferece cadeiras que supram essa necessidade.
* Foi sugerida a criação de um banco de dados on line para facilitar o acesso a trabalhos e pesquisas em Musicoterapia.
* O site http://www.musicoterapia.mus.br/, atual site da UBAM, por meio de alunos que também administram o site, está disponível para envio de trabalhos.

O grupo que debateu sobre Política e Movimento Estudantil teve como mediador e provocador o estudante do 2º ano de Musicoterapia do CBM-CEU, Alberto José. Os pontos de discussão propostos pelo mediador foram: Centro Acadêmico, Comitiva de Cursos, Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), Programa Universidade para Todos (ProUni), juramento, cor e símbolo da profissão, especialização em Musicoterapia, Código Brasileiro de Ocupações (CBO) e regulamentação da profissão. As principais questões levantadas pelos alunos seguem descritas baixo:

* Os alunos sugerem criar um dia específico para divulgar a Musicoterapia em diferentes regiões simultaneamente (sugestão: dia 15/09 – dia do musicoterapeuta)
* Propõem a criação da União Brasileira de Estudantes de Musicoterapia e a possibilidade da organização de um site voltado para os estudantes no âmbito nacional.
* Indicam a possibilidade de pleitear espaços e eventos direcionados especificamente para estudantes nos congressos nacionais.
* Consideram imprescindível estimular a participação de estudantes de Musicoterapia nos movimentos estudantis.
* Advertem sobre a necessidade de discutir medidas para controle de evasão com foco nas turmas de 1º ano dos cursos.
* Sugerem pesquisar os requisitos para inscrição da Musicoterapia como área específica na avaliação do ENADE.
* É reconhecida a necessidade do apoio de todos os estudantes quanto à inclusão da Musicoterapia no CBO.
* Os estudantes posicionam-se em oposição à aprovação das Organizações de Saúde (OS).
* Reconhecem que é necessário discutir com maior profundidade e definir um posicionamento quanto ao PROUNI e ao REUNI.
* Os alunos propõem à UBAM a escolha de um símbolo oficial da Musicoterapia, se possível, a partir dos já existentes. Sugerem promover um concurso para escolha do mesmo ou fazer uma votação em algum encontro nacional de Musicoterapia.
* Propõem ainda o fortalecimento, união e aumento do peso político na classe da Musicoterapia, juntamente com uma divulgação mais expressiva da mesma.
* Os alunos sugerem certa periodicidade para reuniões das representações estaduais de estudantes e centros acadêmicos.
* Sugerem que outros centros acadêmicos já existentes apoiem a criação de novos CA's em outras faculdades.
* Indicam a necessidade de maior comunicação e intercâmbio entre os alunos dos estados que possuem formação em Musicoterapia, preferencialmente os mais próximos entre si.

Após os debates, os mediadores participaram de uma plenária final em que expuseram o que foi discutido em cada grupo. Não tendo nenhuma divergência entre os alunos quanto aos pontos levantados, foram aprovadas todas as sugestões, propostas, insatisfações e idéias listadas acima.
Durante a plenária, cogitou-se a possibilidade de encaminhar alguns dos alunos presentes no I ENEMT à reunião da UBAM, que ocorria no período da tarde do mesmo dia, a fim de informar a opinião dos alunos quanto ao que foi discutido no encontro. Por meio de votação, foi decidido encaminhar alunos vinculados à associação do seu estado para que pudessem pedir a palavra. A votação foi unânime em encaminhar os seguintes representantes: Fernando Maciel (aluno do 3º ano de MT da FAP) e Mt. Pollyanna Ferrari (organizadora da plenária), bem como os ouvintes Alberto José (2º ano de MT do CBM-CEU) e Kamylla Paola (3º ano de MT da FAP).
Ao fim do encontro foi realizada uma votação para decidir o local, a data e a diretoria organizadora do II ENEMT. Ficou decidido que toda cidade que sediar os próximos encontros de estudantes deve ter um centro acadêmico. Sendo assim, por consenso de todos os presentes, o II ENEMT será realizado nas férias de julho (antes do Congresso Latino-Americano de Musicoterapia) na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.

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